Por Jorge Nuno Silva
Há livros com títulos apelativos, relacionando a matemática com outras áreas culturais. Nunca deixo de espreitar as páginas de tais obras, e possuo várias do género. Vem isto a propósito de, recentemente, ter cruzado o meu percurso na vida um livrinho que fala de matemática e de literatura. Desconfiado, porque já vi muitos desta laia, o mais das vezes primos direitos entre si, incapazes de trazerem novidades a estes olhos já cansados de tais leituras.
Mas não foi assim. Dei com algumas pérolas, algumas quais aqui partilho convosco. Já ouviram falar do Paradoxo de Tristam Shandy? Inspira-se numa obra de Laurence Sterne (1713-1768). A questão é a seguinte. Tristam Shandy decidiu escrever a sua autobiografia.
Acontece que demora um ano a descrever cada dia da sua vida. Mas Tristam não é um homem vulgar: é imortal. Pergunta-se: será que a autobiografia vai ser completamente escrita ou não?
Num conto de Anton Tchekhov (1860-1904) surge um problema difícil para o jovem estudante: um comerciante compra tecido de duas cores, azul e negro. Gasta 540 rublos. Sabendo que o tecido azul custa 5 rublos o metro e que cada metro de tecido negro custa 3 rublos, quantos metros comprou o comerciante de cada cor? O estudante, algebricamente analfabeto, claudicou. Mas outro personagem surgiu que resolveu o problema com ajuda de um schoty (?????), o famoso ábaco russo. Que resolução terá sido essa?
Do mesmo autor, mas num registo mais bem humorado, as questões seguintes.
Pergunta: Em que perna me mordem, na esquerda ou na direita?
Pergunta: Que horas são?
O autor poderá ser contactado através do e-mail jnsilva@cal.berkeley.edu